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Mostrando postagens de abril, 2020

Quando o São Bento de Sorocaba derrotou Pelé

 FREDERICO MORIARTY –  Havia 10 anos o time sorocabano se profissionalizara. No ano anterior, após uma batalha histórica na final contra o alvirrubro América de São José de Rio Preto, o São Bento conseguira o acesso para a Divisão Especial do Campeonato Paulista. Time de bons jogadores – que depois se destacaram fora de Sorocaba como Bazzaninho, Chicão, Raimundinho, Picolé e Paraná  -, estava em 4º lugar no Campeonato.                     A FPF marcou a partida entre Santos e São Bento ás vésperas do feriadão de Todos os Santos, quem sabe uma homenagem aos 2. O poderosíssimo time de Pelé era tricampeão paulista e bicampeão da Taça Brasil, bicampeão da Libertadores e há duas semanas de se tornar bicampeão mundial. Trouxe boa parte dos titulares que 17 dias depois iriam derrotar o Milan no Maracanã, incluindo o Rei Pelé. Artidoro Mascarenhas, o prefeito da cidade, deu ponto facultativo para os servidores naquele 30 de outubro de 1963. Os bancos encerraram o expediente duas

Quando Pelé e Stallone derrotaram Hitler

FREDERICO MORIARTY  – A primeira impressão que temos do filme é ilusória, afinal a presença de dois canastrões como Sylvester Stallone (no auge do saga Rocky) e Pelé não desmerece a história.  Fuga para a Vitória (Escape to Victory, 1981)  teve a direção do renomado John Huston (o mesmo de  Paixões em fúria,   Freud: além da alma, Uma aventura na África, O pecado de todos nós,  entre outros clássicos) e estavam no elenco os respeitáveis Michael Caine como líder da resistência e Max Von Sydow como o major alemão que tem a ideia da partida de futebol. O roteiro era ambientado na França ocupada pelos nazistas. O major Steiner (Sydow), ex-jogador da seleção alemã, decide realizar um jogo de futebol dos soldados nazistas contra os prisioneiros de guerra. John Colby (Caine) é um capitão inglês que organiza o time dos aliados e mais do que isso, pretendia utilizar o  match  para realizar uma fuga dos atletas-prisioneiros. Colby utilizaria o intervalo da partida para dirigir-se aos s

Diário da Quarentena. Dia 10

FREDERICO MORIARTY  – Saímos da fase 1, a da euforia com o isolamento. Estamos em meio à fase 2: o conflito. Cansamos, mas não temos alternativa. Logo virá a tentativa de equilibrar os opostos. Não posso sair com “Odeio ficar em casa”. Quando as mortes passarem do milhar e a maioria de nós tivermos perdido alguém próximo ou tenha alguém querido em estado grave, entraremos em depressão. Será a fase mais difícil e dolorosa. Será o momento em que estaremos psicologicamente em frangalhos, mas que teremos de ter força para aguentar o tranco e proteger quem estiver por perto e, claro, a nossa própria sanidade. Vencida essa etapa, que espero seja curta e com o mínimo de dor possível, entraremos no estágio final: a de que a quarentena é inexorável mas tem fim. Vamos acordar depois disso num dia frio de outono, céu cinzento, coração marcado. Daremos passos curtos, amedrontados, tímidos. Uma libertação que nos deixará marcas pelo corpo. Um aprendizado que será diferente para ca

Além do Bem e do Mal: A Leste do Éden de John Steinbeck

FREDERICO MORIARTY  – Adão e Eva primeiro tiveram dois filhos, Caim e Abel. O primogênito arava a terra e o caçula cuidava dos rebanhos. Caim entregou a Deus o fruto do seu trabalho em dádiva. Já Abel entregou-lhe um bezerro. O senhor recebeu o novilho com regozijo e menosprezou os frutos de Caim. Rejeitado por Deus, ele levou o mano caçula para a estrada e lá, tomado de ciúme, matou-o. Deus sabendo da morte questiona Caim e este não assume o crime. Onisciente, o altíssimo expulsa Caim do Éden e para protegê-lo da perseguição dos que o reconhecessem como criminoso, colocou uma mancha. À leste, região da Assíria, Caim carregou sua culpa e edificou sua família. Jamais teria de volta o amor do Senhor. John Steinbeck escreveu  A leste do Éden , em 1952. Uma recriação ďa história do Gênesis, ambientada nos Estados Unidos entre o fim da Guerra da Secessão e o término da Primeira Guerra. Uma das mais poderosas narrativas estadunidenses da história literária. Caim e Abel: óleo de D

Sobrevivendo à Pandemia: o Decameron de Boccaccio

FREDERICO MORIARTY  – Como sobreviver a uma pandemia? Como resistir física e psicologicamente a uma quarentena? No final do século XIV, o século da crise medieval, o professor e escritor italiano Giovanni Boccaccio nos ofereceu uma alternativa: retiro artístico, amizade e estórias. Decameron é um conjunto de 100 estórias e contos escritos, entre 1348 e 1353 – tempos da peste bubônica na Europa. Boccaccio dá voz aos jovens num antídoto contra o tédio do isolamento e o desespero perante à praga impiedosa. Boccaccio e seus mestres O escritor florentino teve dois grandes mestres: Santo Ambrósio (século IV) e Dante Aleghieri (XIII). Ambrósio reescreveu o Gênesis na obra  Hexameron  (palavra grega que significa ” seis dias” ). Nela, Deus criou a luz. Depois, o céu e o firmamento, a Terra e as águas no terceiro dia. Em seguida, veio o Sol, a Lua e as estrelas, as plantas, os animais marinhos e as aves no quinto dia. No sexto e derradeiro dia, o Senhor criou os homens, as mulhere