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Mostrando postagens de maio, 2020

NIETZSCHE - DROPS DE FILOSOFIA

Guerra Fria sem Fim

FREDERICO MORIARTY – Em menos de três anos morreram três líderes soviéticos. A crise política era acentuada pela econômica. A corrida armamentista consumia 10% do PIB norte-americano e 40% da renda do país comunista. A solução era trazer um jovem economista para o Politburo: Mikhail Gorbatchev. O camarada Gorbi adotou uma política de contenção e aproximação com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo lançou o audacioso plano de reformas neoliberais denominada Perestroika. Propôs ainda democratizar o país e a relação com as Repúblicas Socialistas, por meio da Glasnost. Virou celebridade, recebeu Nobel da Paz, lançou livro e vendia mais que Sidney Sheldon. A Guerra Fria derretia. Mas para Stallone as ideias estavam fora do lugar. Nos anos 70, o ator mediano encarna a esperança branca no boxe. O Garanhão Italiano era a única forma de um peso-pesado superar a supremacia negra de Cassius Clay, George Foreman e cia. Os lutadores de boxe e a categoria dos pesados eram tão populares no mundo q

Decálogo Canino

Decálogo Canino FREDERICO MORIARTY  Sabedoria Canina – Capítulo 27 – O que aprendi com os cachorros. Decálogo 1. Receba todo dia as pessoas que ama com festa. Rejubile-se como se fosse a primeira vez; 2. Ame a todos sem distinção; 3. Não repreenda demais quem você ama. Isso a magoa e não surte nenhum efeito, a não ser a raiva; 4. Não julgue quem está próximo. Nunca saberá quem estará ao seu lado nas horas difíceis; 5. Fique feliz e agradecido com as coisas mais simples; 6. Busque estar sempre ao lado dos que ama, mesmo que em silêncio; 7. Não grite. Jamais humilhe. Em hipótese alguma bata num ente querido; 8. Seja paciente até o limite da tolerância; 9. Não tenha de forma alguma vergonha de revelar o que sente; 10. Comporte-se menos como humano e mais com o coração.

Se Macumba ganhasse jogo

FREDERICO MORIARTY  – “Se macumba ganhasse jogo o campeonato baiano terminaria empatado”. Frase de Neném Prancha, um dos folclores do velho futebol brasileiro. Outro personagem maravilhoso foi Vicente Matheus. Presidente do S. C. Corinthians entre 1958 e 1991 (não seguido). Foi o mestre que tirou o Timão da fila de 24 anos em 1977. Arquiteto do time que virou a Democracia Corintiana. Dono de um sem fim de histórias e achados como “quem está na chuva é pra se queimar”.  O timaço do Corinthians dos anos 80 trouxe o maior goleiro do país para fechar as traves: Carlos. Era 1988, final do finado Paulistão (um campeonato que atravessava o ano todo, com turnos, retornos, terceiros turnos e dezenas de finais, mas era o que nos importava). A final seria contra o Guarani de Campinas. No papel, os craques da terra de Carlos Gomes eram melhores. Vicente Matheus entrou na sala da presidência, horas antes do jogo de ida. Preocupado, começou a refletir sobre o que poderia atrapalhar o título. C

Dia após dia

FREDERICO MORIARTY – Os espartanos jogavam seus filhos defeituosos fora. Estupro coletivo de mulheres existe desde os primórdios. Aliás, estupro não, pois sempre foi um direito inalienável dos homens violentar as mulheres. Todos os grandes herois do passado cometeram atrocidades e massacres. De quem você ouviu falar: Alexandre, Júlio César, Otávio, Atila, Gengis Khan, Frederico Barba Ruiva, Henrique VIII etc.. Todos eles genocidas (e muitos outros que nem cito). A escravidão humana existe desde 3500 a.C.. Sociedades foram e são escravistas. O homem não vale nada. Nunca valeu. O cemitério da história está abarrotado de bilhões de famintos, violentados, escravizados, torturados, estuprados e explorados sem piedade. Sempre uns poucos se salvam das pragas, pestes e epidemias. Sempre uns poucos pisam em qualquer laço de afetividade, em qualquer fio tênue de esperança. A passagem pela terra é um pântano de tragédias para 99% das pessoas, aliás essa era a percentagem de analfabetos na Eur

Eu quero uma casa no campo. A filosofia de Epicuro

FREDERICO MORIARTY – Quintus Horatius Flaccus, poeta romano dos fins da República e início do Império, tem duas palavras insertas num verso do seu “Carminum I, 11” muito conhecidas e decerto pouco entendidas.  Dum loquimur fugerit invida aetas: carpe diem, quam minimum credula postero. Enquanto dialogamos, o invejoso tempo nos deixa: captura-o, não acredites no amanhã. Carpe Diem . Ela aparece em filmes, músicas, rocks, quase sempre confundindo hedonismo com o sentido epicurista que nos dá Horácio. Raul Seixas dizia que mais vale dez anos a mil do que mil anos a dez. O filme  O Império dos Sentidos , nos anos 70, contava a história de um casal de amantes que aos poucos deixava de lado toda sua vida normal – trabalho e afazeres de casa – , em função do prazer sexual de ambos. The Who cantou ” I hope I die before I get old” nos anos 60. O casal, de tanto excesso de virtudes oferecidas pelo deus Eros, acaba abraçando Tanathos, o deus da morte. Os líderes da banda ing

O Novo Amanhã

Quando acabar tudo isso, não sairemos às ruas abraçar calorosamente as pessoas. Pois o hoje nos mostrou que um bom número delas não era merecedora do nosso afeto. Não faremos festa de confraternização, pois muitos deixaram o outro de lado e comemoraram em meio aos cadáveres. Alguns irão (finalmente) trabalhar de olhos abertos porque ficou claro que somos apenas um número, um peso morto, uma estatística. Quem sabe o Novo Amanhã sirva como um veneno contra a hipocrisia. Mesmo que montado sobre a pilha de mortos. Somos uma sociedade egoísta, uma miríade de ilhas postadas num distanciamento social mesmo antes dele existir. Apenas uma multidão de corpos esperando nossa cova chegar. ( obra de Castor Friederich.1818)

César Lemos: o mais provocador e carismático atacante e maluco da S.E.Palmeiras

FREDERICO MORIARTY – O jornalista Roberto Silva da Rádio Bandeirantes não perdoou e revelou ao vivo que César Maluco passara mais uma noite na balada. O atacante do Palmeiras entre 1967 e 1974 ficou uma vara. – O Roberto, por que fez isso? – Porque vc estava na balada César. – Eu sei cara. Mas no jogo eu resolvo. – Sou jornalista. Meu papel é informar meu leitor… – Você me paga! Você me paga… Dias depois, o Palmeiras enfrentava o Corinthians. César foi um dos grandes carrascos do alvinegro paulista. A rivalidade talvez seja a maior do futebol brasileiro. Meio da partida, César recebe pela esquerda, parte em direção ao gol e na altura da meia lua, chuta forte no canto esquerdo do goleiro corintiano. Gol do Palmeiras. César era a alegria em campo. Corria, mandava beijos, abria os braços e se dirigia ao fundo do campo. Passou pelas placas de propaganda e correu em direção a Roberto Silva. Abraçou e beijou o jornalista. Repentinamente, César arranca a peruca do repórte

Laranja Mecânica: o livro de Anthony Burgess, o filme de Kubrick, o futebol holandês e o Brasil Horrorshow atual

FREDERICO MORIARTY  – Johan Cruyff desce pela avenida Marinho Chagas, o então lateral esquerdo do Botafogo, e cruza para Neeskens anotar o primeiro gol neerlandês com 5 minutos de jogo. O Carrossel Holandês começava a passear sobre a poderosíssima seleção brasileira (campeã de três das últimas quatro copas do mundo e terra do maior fenômeno da história do futebol, Pelé). Rinus Mitchell, o técnico dos Países Baixos, utilizara a base do Ajax Amsterdã, então tricampeão invicto da UEFA  (hoje, Xampions  Ligui). A Holanda praticava o revolucionário “futebol total”, no qual os jogadores não tinham posição fixa, ocupavam todos os espaços vazios e atacavam em círculos. Dias antes da partida, o técnico brasileiro, Zagallo, um lambe botas da ditadura militar, que dirigiu a seleção de 70 apenas porque o ditador de então não queria o comunista João Saldanha à frente, proferiu uma de suas tantas empáfias. “Quem tem de estudar e aprender futebol conosco são os holandeses”. Tomamos um var

Sinal de alerta: a teledramaturgia antenada da Globo

FREDERICO MORIARTY  – No início de 1979, Daniel Breláz é eleito deputado pelo Parlamento Suíço. O matemático e político helvético se tornou o primeiro parlamentar do mundo a se eleger por um Partido Verde. Ambientalista e sério, Breláz se reelegeu entre 1979 e 2001, quando deixou o cargo legislativo para tornar-se prefeito de Lausanne, na Suíça. Exerceu o cargo por 12 anos. O partido helvético não foi o primeiro  “Green Party”.  A primazia dos partidos verdes pertence à Tasmânia. Nasceu pra lutar pela preservação da fauna e flora em 1972 – e do demônio, claro. No ano seguinte, a Nova Zelândia criou o seu próprio PV. Em 1977, lutando contra a energia nuclear, nascia o mais forte partido verde do mundo, o alemão. O nosso PV surgiu em 1985, juntando parte da velha esquerda e dos intelectuais com descontentes do PT, como Alfredo Sirkis e Fernando Gabeira. Com o passar do tempo, virou um balaio de gatos que inclui empresários, ambientalistas e muita gente de direita, ao contrário